Saudade dos tempos de criança, brincando na lama recém
formada pela chuva. Fantasiar bonecas que teriam vidas perfeitas. Hoje bateu
saudade de um mundo inocente, do sonho com o menino da outra cidade passeando
na praia de mãos dadas. Saudade de um universo puro onde tudo era novo e me
impressionava. Quero descobrir mais, quero suspirar, perder o ar.
Meus pais ao meu lado cuidando do corte milimétrico
que teria no dedo. Meu pai me provocando até que ficasse com a carinha de brava
que ele tanto adorava (devia adorar porque as provocações eram infinitas).
Saudade de sentar na cama ao lado da minha mãe e contar, sem controlar o
sorriso imenso no meu rosto, que o menino que eu gostava tinha me dado ‘oi’.
Saudade de brincadeiras e brigas com meu irmão que acabavam com um ‘eu também
te amo’ na minha mente e saudade de adorar os amigos encantadores dele.
Saudade de um mundo narrado em português, com clima
quente e um cheiro de mar.