Onze da noite, não penso nisso, ainda tenho esperança
na vida real. Só me dou conta quando acordo de que não quero levantar, quero ficar
na minha cama quente, voltar a dormir, voltar a sonhar. Antes de dormir imagino
uma série de coisas que poderiam acontecer. Durmo pensando que talvez dessa vez
vá sonhar com o que quero. Quando acordo não lembro o que sonhei, mas me sinto
bem. Apesar disso não quero enfrentar o mundo real. Desejo fechar os olhos e
voltar a um sonho em que nada existe além de nós. Todas as preocupações e
pessoas chatas ao meio disso desaparecem. Nossa relação torna-se uma coisa boa,
não essa obrigação, papo sério e problemas que teimamos em criar onde nada
existe. Como crianças paramos de nos falar por algum tempo. Fico chateada por não
saber o motivo certo. Chateada com o que nos tornamos sendo que poderíamos ter
uma amizade melhor que essa. Atitudes sem pensar, cabeça quente revela muita
coisa. Aprendo a parar e respirar. Escrever e me acalmar. Tentar entender, só tentar,
e esperar que ele se acalme e resolva falar.