terça-feira, 30 de outubro de 2012

Meu amor eterno


Te dei oi e ao iniciar a conversa me veio água nos olhos. Estou bem, mas com muita saudade. Me divirto e me distraio mas esse clima de outono me traz lembranças e vivo em nostalgia. Ao tocar as notas no violão me lembro de quem as me ensinou, quem sentava ao meu lado na cama e me tirava a vergonha de tocar e cantar. Sinto sua falta. Falta de depois no almoço ficar no computador com você dormindo em minha cama. Falta de fazer montinho ao te acordar, falta de brigar pelo ultimo pedaço de bolo.  Lembrança do dia que te disse ‘até logo’ vem na minha mente. No aeroporto seus olhos junto aos meus se encheram de lágrimas. O abraço que te dei ainda sinto eternamente em mim. Amor de irmão eterno, meu irmão mais velho. Lembro-me de você quando tomei meu primeiro porre. Me buscando e falando que não acreditava. Lembro-me do seu olhar preocupado ao lado da porta quando sai do banheiro. Como também, de você me trazendo água e me dando comida. Um amor eterno no qual não importa o que nem quão longe. Um amor que um dia será marcado na pele. Marcelo saiba que te amo e que sempre estarei por perto. A fim de te incomodar, te fazer cuidar de mim, me buscar ou te fazer me ajudar na escola no final no ano. Não demora que já estou de volta. Saudade, até logo.      

Sua eterna irmãzinha.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Glem det ikke


Bibi, Gabriel, oldie, min smukke. Tantas maneiras de chamar uma pessoa só. Hoje tive um nó na garganta ao pensar que daqui a dois meses poderei chamar qualquer um desses nomes e gritar o mais alto que puder que você não irá escutar, não estará por perto. Caminhei me falando para tirar essas palavras e frases da cabeça que agora me fazem mal. Não as escrevi então esqueci metade do que escreveria agora. Foi bom que tirei da mente, porque certamente me faria ter lágrimas escorrendo no rosto. Essa semana, com você longe, me mostrará como é estar aqui sem você, um teste antes de você realmente se for. Quem vai me obrigar esperar o próximo ônibus? Quem vai sentar comigo no parque próximo verão? Quem vai me fazer perder a janta em casa pra comer uma pizza na estação? Quem me dará um abraço confortável e me suportar nas piores crises? Mais que um oldie eu te tenho como meu porto seguro. Sei que se estiver perdida e sem saber o que fazer e te ligar pedindo ajuda, você irá me acalmar. Você me traz segurança e temo perder isso. Não quero que se vá. Quero que fique aqui deitado na grama ao meu lado, me provocando e logo me fazendo sorrir.  Promete que quando voltar não me deixará só, promete que me encontrará quando eu voltar também. Só promete não esquecer.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Antibióticos


Dedos fracos percorrem os botões do teclado. Segunda-feira, na sala quase vazia, eu não sinto força em meus braços. Final de semana foi ótimo apesar de ter criado novas perguntas em minha mente. Me diverti. Com outros sorri e troquei olhares. A música entrava em meus ouvidos e andava no meio de pessoas totalmente desconhecidas. Estralo o pescoço e me sinto um tanto mais incomodada. A dor de garganta ainda me machuca, causada pela diferença de temperatura entre ambientes da festa. Minha voz quase não sai e quando tusso dói mais do que poderia imaginar. Minha cabeça também começa a incomodar e meus olhos começam a fechar. Quero fecha-los de vez e apoiar a cabeça na mesa. Respirar fundo e cochilar tranquilamente.

Em casa mesmo com a garganta doendo pego um antigo amigo no colo. Entre notas e acordes saem palavras falhadas pela dor que me atordoa. Não largo, não desisto. Com os dedos já doendo e a garganta implorando um tempo, aumento o volume tentando assim ocupar todo espaço em minha mente. Todo espaço ocupado por palavras não ditas e o espaço que palavras ditas sem pensar deixaram.

Terça, eu acordo com a madrugada gelada do outro lado da janela, às três da manhã. Contorço-me de dor insuportável que me tirava o sono. O desespero me subia à cabeça e fazia correr lágrimas infinitas. Revirava-me, agarrava o urso e chorava. Minha mente e meu corpo estavam cansados, mas a dor me impedia de dormir. Finalmente peguei no sono e acordei às seis da manhã com barulhos. Levantei e coloquei em palavras a dor que me atordoava. Encaminhada ao médico, exames, agulha. Remédios finalmente me tiram a dor. Antibióticos tirarão definitivamente o que me faz mal e me traz essas dores múltiplas vezes. Pena que pra outras dores que existem e sempre reaparecem não se têm remédios. Antibióticos que as tirariam de vez de dentro mim.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

De frente ao espelho, é fácil falar até logo.


Eu sou forte. Não sinto nada. Não sinto angústia, agonia, raiva. Estou sempre feliz com um sorriso no rosto. Não sinto que meus pais não ligam pro que eu sinto, pro que passa dentro de mim, nem sabem, nem os interessa. O que importa é ter as coisas prontas. Pins, presentes, malas. Só isso importa. O que eu sinto, ou melhor; não sinto, nem importa. Não quero nada, não gosto de passar tempo juntos, não acho nada divertido, nunca. A raiva nem sobe, nem me atordoa, nem me faz gritar por horas. Estou ótima. Não sinto nada. Estou feliz, não tenho medo, não tenho nada. Meu rosto não fica avermelhado, não fica inchado. Chega mais perto e fica cada vez mais fácil, menos cobranças, menos ‘acorda, não tem mais nada pra fazer?’, menos, menos... Sou forte e vai passar. Logo direi, até logo.
28/07/2012 
Achado em meio a outros incontáveis rascunhos
um texto angustiado de tempos atrás.