sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Antibióticos


Dedos fracos percorrem os botões do teclado. Segunda-feira, na sala quase vazia, eu não sinto força em meus braços. Final de semana foi ótimo apesar de ter criado novas perguntas em minha mente. Me diverti. Com outros sorri e troquei olhares. A música entrava em meus ouvidos e andava no meio de pessoas totalmente desconhecidas. Estralo o pescoço e me sinto um tanto mais incomodada. A dor de garganta ainda me machuca, causada pela diferença de temperatura entre ambientes da festa. Minha voz quase não sai e quando tusso dói mais do que poderia imaginar. Minha cabeça também começa a incomodar e meus olhos começam a fechar. Quero fecha-los de vez e apoiar a cabeça na mesa. Respirar fundo e cochilar tranquilamente.

Em casa mesmo com a garganta doendo pego um antigo amigo no colo. Entre notas e acordes saem palavras falhadas pela dor que me atordoa. Não largo, não desisto. Com os dedos já doendo e a garganta implorando um tempo, aumento o volume tentando assim ocupar todo espaço em minha mente. Todo espaço ocupado por palavras não ditas e o espaço que palavras ditas sem pensar deixaram.

Terça, eu acordo com a madrugada gelada do outro lado da janela, às três da manhã. Contorço-me de dor insuportável que me tirava o sono. O desespero me subia à cabeça e fazia correr lágrimas infinitas. Revirava-me, agarrava o urso e chorava. Minha mente e meu corpo estavam cansados, mas a dor me impedia de dormir. Finalmente peguei no sono e acordei às seis da manhã com barulhos. Levantei e coloquei em palavras a dor que me atordoava. Encaminhada ao médico, exames, agulha. Remédios finalmente me tiram a dor. Antibióticos tirarão definitivamente o que me faz mal e me traz essas dores múltiplas vezes. Pena que pra outras dores que existem e sempre reaparecem não se têm remédios. Antibióticos que as tirariam de vez de dentro mim.