Dedos fracos percorrem os botões do teclado. Segunda-feira,
na sala quase vazia, eu não sinto força em meus braços. Final de semana foi
ótimo apesar de ter criado novas perguntas em minha mente. Me diverti. Com
outros sorri e troquei olhares. A música entrava em meus ouvidos e andava no
meio de pessoas totalmente desconhecidas. Estralo o pescoço e me sinto um tanto
mais incomodada. A dor de garganta ainda me machuca, causada pela diferença de
temperatura entre ambientes da festa. Minha voz quase não sai e quando tusso
dói mais do que poderia imaginar. Minha cabeça também começa a incomodar e meus
olhos começam a fechar. Quero fecha-los de vez e apoiar a cabeça na mesa.
Respirar fundo e cochilar tranquilamente.
Em casa mesmo com a garganta doendo pego um antigo
amigo no colo. Entre notas e acordes saem palavras falhadas pela dor que me
atordoa. Não largo, não desisto. Com os dedos já doendo e a garganta implorando
um tempo, aumento o volume tentando assim ocupar todo espaço em minha mente.
Todo espaço ocupado por palavras não ditas e o espaço que palavras ditas sem
pensar deixaram.
Terça, eu acordo com a madrugada gelada do outro lado
da janela, às três da manhã. Contorço-me de dor insuportável que me tirava o
sono. O desespero me subia à cabeça e fazia correr lágrimas infinitas. Revirava-me,
agarrava o urso e chorava. Minha mente e meu corpo estavam cansados, mas a dor
me impedia de dormir. Finalmente peguei no sono e acordei às seis da manhã com
barulhos. Levantei e coloquei em palavras a dor que me atordoava. Encaminhada ao
médico, exames, agulha. Remédios finalmente me tiram a dor. Antibióticos tirarão
definitivamente o que me faz mal e me traz essas dores múltiplas vezes. Pena
que pra outras dores que existem e sempre reaparecem não se têm remédios.
Antibióticos que as tirariam de vez de dentro mim.