sexta-feira, 9 de março de 2012

2AM


O fogo que queimava os gravetos secos dessa praia me esquentava. Aquilo me fazia bem, não esquentava só a minha pele, mas também meu interior. Sentia-me quente, acolhida por aquele clima de penumbra das duas da manhã. Um luau que fora do comum não tinha violão, não tinha musica, mas isso não me incomodava. Eu tinha uma melodia dentro de mim que tocava involuntariamente. Uma melodia já conhecida que me acalmava. Sentia que o vento virava, a fumaça cobria meus olhos e os faziam arder. Eu saía dessa rota de dor e agonia me aproximando do mar. O mesmo vento que me cegava anteriormente agora me trazia alivio. Um alívio que meus olhos precisavam, eu precisava. As mínimas vozes na praia ecoavam sutilmente em meio ao barulho das ondas que quebravam. Era incrível, único. Meus pés descalços na areia molhada até onde a água chegava. Me sentia bem, em casa. Tranquila com aquela melodia que me fazia voltar no tempo. Num tempo em que ainda sonhava acordada.
Estava guardado, sem final, até ontem.