terça-feira, 18 de dezembro de 2012

E se?


E se sua vida acabasse agora teria feito tudo valer a pena? Poderia ir e não deixar nada para trás? Nenhum argumento não dito, algum desculpas, algum abraço de obrigada não dado. Pego meu antigo caderno preto. Abro nas paginas em que fiz anotações durante uma aula. Aquela aula que me fazia pensar no que tinha, no que era, no que não deveria ser, macaco. Todos nós perdemos a arte de nos encantar com as coisas como se fosse a primeira vez que víssemos. Perdemos nossa essência e a vida toma um rumo fútil. Pequenas coisas ruins escondem magníficos sentimentos. Jura que esse final escondeu tudo de bom que tivemos? Não quero escrever de você, não mereces.
Quero escrever da vida. Qual é o seu sentido além do qual decidimos dar a ela? Defini o que eu quero e vou viver a minha em pequenos momentos, cada um com seu cheiro, sua essência, seu gosto. Um cheiro que me lembre a minha mãe, um cheiro de bolo que me lembre a minha avó. Viver pequenos momentos, pequenas vontades, pequenos desejos.
Se minha vida acabasse agora não ficaria satisfeita. Não me arrependo do que já fiz. Porém, não abracei suficiente, não disse – eu te amo – a todos que amo. Não conquistei todas as novas amizades que quis, não dei um last kiss. Não viajei o suficiente e não conheci tudo que quero conhecer desse mundo. Já vi neve, mas não fiz bonecos, nem fiz anjos que com ajuda para levantar ficariam perfeitos. Tenho orgulho do que vivi e do que hoje sou. Das pessoas que tenho comigo e que merecem meu ombro. Feliz com as pessoas que já aconselhei a pensar duas vezes, mudar e ajudar a sair da fase macaco, egoísta. Mas algumas delas, de lá, será difícil sair. Sinto orgulho da minha família, orgulho de mim. Um dia seguirei meu sonho mais a fundo, e talvez através de versos mude pensamentos dos mais hipócritas e desacreditados. Se não mudar, terei feito pelo menos minha parte. Corrido atrás e tentado. Então poderei ir, para sempre, para um céu estrelado aonde descansarei. 

domingo, 16 de dezembro de 2012

A mil batidas


Estamos todos na praia, você havia alugado um dos apartamentos dos meus pais para que ficasse mais próximo do campeonato de surf que participava. Era final de tarde, te levei na porta ao lado para conhecer onde eu ficava. Minha mãe cozinhava, meu pai arrumava algo na sala. Na varanda te mosto a luz da lua cheia daquele dia. Voltando em direção a porta senti que teria um abraço de despedida, como já tive um dia, de parabéns e soube me controlar. Não sabia se dessa vez me controlaria. Mas então nossa aproximação foi interrompida pela campainha, outro surfista havia vindo pagar o resto do aluguel. Vocês se sentam no sofá enquanto eu me retiro para um banho. Ao desligar o chuveiro escuto uma discussão na sala, escuto que palavras mal escolhidas a causaram. Escuto a porta bater. Ainda enrolada naquela toalha tenho meu coração querendo escapar do peito. Saio em direção à sala e tudo se passa muito rápido. Não o vejo mais, tento entender o porquê de tudo. Escuto a voz grossa do meu pai dizendo: Ele vai embora.
Meu coração disparava a mil por segundo e pensamentos voavam se esbarrando um no outro. Não podia deixar que ele ficasse longe de mim e abrisse mão do campeonato. Abri a porta da frente e me vi no corredor vazio. Dalí ele já havia passado. Desço as escadas e saio em direção à rua. A noite estava escura, mesmo com sua lua cheia. As luzes dos postes iluminavam muito pouco ao meu olhar. Havia muitos surfistas na rua naquela hora, não sabia por quê. Só pensava em te achar. Grito seu nome. Duas, três vezes. Corro as escadas da entrada do prédio até que consigo te ver do outro lado da rua. Meu coração para, tudo para, os carros param e você corre em minha direção. Senti seus braços fortes ao redor de mim o mais forte que já tinha sentido algum dia. Me segurava forte e senti que nunca mais sairia do seu lado. Nossos lábios se tocaram e intensamente o mundo começou a girar, parecíamos estar sozinhos num momento único. Meu coração disparado não parava quieto. Abracei-o mais forte e tentei fazer o tempo parar para que juntos ficassemos pra sempre. O tempo parou, mas foi em sinal do meu despertador que tocara na cabeceira. Avisando-me que tudo não teria passado de um sonho e que ainda estava longe, muito longe.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

As Kids


If I am afraid, or shy, or with my eyes filled with tears, embrace me. If I am being bothered by other guy, do not start a fight, wrap your arms around me and just show that I'm already yours. Call me, do not send just messages, I like listening to your voice. Ask me to an unexpected program, even if it is just to lie on the couch in your house and do nothing. I do not care about what but whom. If I say I've never done that or just that I don’t know how, just say that you teach me. Take me to the sea and teach me how to float. If I’m sad and don’t want to talk, do not insist, just say that everything will be fine. Do me a massage, I love that. Kiss my forehead and hug me strong that I’ll feel safe. Open the door and let me in first. If I fall, offer me your hand and help me get up. Do not stare at me for long because I’m shy and certainly I’ll blush.  Suddenly kiss me and surprised me. Take me out to dinner, maybe a hot dog. Want me, I'm all desire. Let me go and wait for me to come back. But do not go away, never.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Four months


Today, with this beautiful sunrise, I say thank you for the four months that I’ve been here. This has been an amazing opportunity to live a totally different reality than what I used to have. I've met awesome people that are experiencing what I am experiencing now, and who will be with me for all my life. I've met Danes that bring me a smile even if a tear drop wants to escape. If one day I feel alone, or that these friendships are not as strong as I wish, another day comes and I feel ok again. It’s a bipolarity that confuses me and makes my heart change beats. The snow comes and laughs between the snow balls flying in our direction. White flakes that fall from the sky bring me a smile while I walk alone to a coffee bar. It shows me how life can be beautiful and my imagination goes far away. This sun, that now hits my eyes, makes me warm and I keep on my way. Recorded notes that once went out of a piano are now playing on my earphones. How can I love so much this feeling that I always feel? The cold hits my cheeks and makes them blush. I want a coffee or a hot chocolate that makes me warm inside. I accept being alone, but I prefer to have company.

[Translated]

Fire måneder Quatro meses


Hoje, com esse nascer do sol lindo, agradeço os 4 meses que estou aqui. Essa oportunidade incrível de viver uma realidade totalmente diferente que tinha. De conhecer pessoas incríveis que passam pelo que eu passo e que pra toda vida estarão comigo. De conhecer dinamarqueses que me trazem sorrisos se alguma lagrima quiser escapar. Que mesmo que algum dia me sinta só, ou que essas amizades não são tão fortes como queria, outro dia passa e me sinto ‘bem’ novamente. Uma bipolaridade que me confunde e faz meu coração variar batimentos. A neve chega e gargalhadas em meio a bolas de neve voando em nossa direção. Flocos brancos que caem do céu me trazem um sorriso ao caminhar sozinha para em café. Me mostram como a vida pode ser tão linda e minha imaginação vai longe. Notas gravadas que saiam de um piano tocam agora através dos meus fones no ouvido. Como posso amar tanto a sensação que isso me dá? O frio bate nas minhas bochechas e as faz corar. Esse sol que agora bate em meus olhos me esquenta e assim continuo meu caminho. Quero um café, um chocolate quente que me aqueça internamente, aceito sozinha, mas prefiro acompanhada. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Para


As vezes peço ao tempo, para um pouco, ou se acalme porque não aguento mais. Nos últimos dias cheguei ao meu limite. Precisava descansar de tudo que passava ao meu redor. Tirar de mim a sonolência e a exaustão imensa. Meu coração não sabe por onde caminhar, entre a floresta verde clara que andava agora caminho entre galhos secos que me machucam. Espinhos entraram em minha pele e ali permaneceram. Sei que devo tira-los para que então cicatrize e não me cause mais dor. Isso é o que faço agora. Tiro de mim tudo que tenho de magoa ou decepção, não quero mais nada, nem que por segundos me lembrem você. Disso me livro e dou outro passo. Tiro de mim todas as palavras que já escutei e que ficaram até hoje em minha mente. Sento-me ao sol e o vazio que agora tenho vazio dentro de mim e peço para que se preencha com luz que me traga energias unicamente boas. Peço mais musica, peço mais amor. Peço carinho a esse coração carente. Peço que o tempo se acalme e me deixe respirar.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Between notes and smiles


The music was going through the walls of the room. The sweet melody he was playing on the piano, had just been written by him. The notes reached my ears when I was passing by the corridor. I slowed down and realized I was alone. It was just him and his melody that were making me company. I took a deep breath, opened the door and, without making any noise, I walked into the room. He kept on playing, because he didn’t notice my presence. Quietly, I observed those hands roaming those big, dark piano keys. Even without voices and lyrics that would tell a story, I knew he was feeling something.

He turned around and realized I was there, watching him. With that charming smile, he invited me to sit by his side. I noticed that the melody already had lyrics, but they weren't sung by him. He placed his hands on the piano again, asked me to join him and began to play the first notes drawn on the sheet. The lyrics were beautiful and I was enchanted. The papers came to an end and the last notes were thrown in the air. I didn’t know what to do when they shut and the silence come. I looked at those blue eyes and I must have blushed. Now, the melody that was being played, was inside of me. I closed my eyes and let it take place, letting it take us.

Entre notas e sorrisos


A música passava pelas paredes da sala. Aquela melodia, recém-escrita por ele, era tocada ao piano.  Notas chegaram aos meus ouvidos quando passei pelo corredor. Diminui a velocidade do passo e percebi que ali estava sozinha. Somente ele e sua melodia me faziam companhia. Respirei fundo, abri a porta e sem nenhum barulho entrei na sala. Ele continuou e não percebeu minha presença. Eu observava quieta, aquelas mãos que percorriam as teclas daquele grande piano escuro. Mesmo sem vozes e letras que contassem uma história, percebi que ele sentia algo.

Ele se virou e percebeu que eu o assistia. Com aquele sorriso encantador fez sinal para que sentasse ao seu lado. Percebi que na verdade aquela melodia já tinha uma letra escrita, porem não era cantada por ele. Ele apoiou suas mãos no piano novamente, pediu para que o acompanhasse e iniciou da primeira nota desenhada na partitura. A letra era linda e me encantava. As folhas chegaram ao final e as últimas notas foram jogadas ao ar. Não sabia o que fazer quando elas se encerrassem e o silencio surgisse. Trocamos olhares e devo ter corado. Agora a melodia que tocava era dentro de mim. Fechei os olhos e deixei-a que tomasse conta de tudo, deixei-a tomar conta de nós.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Agora no sol


Três meses de choro, de felicidade, de mil novidades. Aqui aprendi a viver por mim. Com vocês, mas por mim. Meu coração e minha mente agora conduz meu ano. Convivi com oldies que mudaram minha forma de pensar e me fizeram abrir os olhos para o que passa muito rápido em minha frente. Muita coisa me animou, me fez gargalhar, chorar de rir, chorar de saudade. Senti coisas que estava acostumada e senti coisas nunca sentidas anteriormente. Vivi muito em três meses e aprendi mais ainda. Aprendi mais sobre quem sou, como sou e o que aqui me tornei. Pessoas conheci e convivi. Observei desconhecidos na rua e seus sentimentos expressos em seus rostos. Amigos especiais me ajudaram a manter os pés no chão, a eles agradeço. Minha família, de longe, me mandando energias e forças positivas. Pessoas que entraram na minha vida por algum motivo e que por tudo que significam ficaram pra sempre aqui. Dessa vez lagrimas não escorreram. Elas já caíram hoje mais cedo enquanto caminhava para casa, desde que pisei fora do ônibus. Pensava em mil coisas ao mesmo tempo. Em minha boca machucada do frio surgiu um sorriso pacato, ao mesmo tempo em que gotas escorriam em minhas bochechas. Leves soluços interrompiam meus pensamentos. Respirar fundo, contar tudo o que sentia, não conseguia. Ao chegar a casa fui acolhida por um abraço forte. Pensamentos se alinharam e tomaram seus rumos. Agora um sorriso surge forte em meu rosto. Descobri o que eu quero e que quero viver por mim. Se quiser me acompanhar serás bem vindo, mas da sua sombra eu saí.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Meu amor eterno


Te dei oi e ao iniciar a conversa me veio água nos olhos. Estou bem, mas com muita saudade. Me divirto e me distraio mas esse clima de outono me traz lembranças e vivo em nostalgia. Ao tocar as notas no violão me lembro de quem as me ensinou, quem sentava ao meu lado na cama e me tirava a vergonha de tocar e cantar. Sinto sua falta. Falta de depois no almoço ficar no computador com você dormindo em minha cama. Falta de fazer montinho ao te acordar, falta de brigar pelo ultimo pedaço de bolo.  Lembrança do dia que te disse ‘até logo’ vem na minha mente. No aeroporto seus olhos junto aos meus se encheram de lágrimas. O abraço que te dei ainda sinto eternamente em mim. Amor de irmão eterno, meu irmão mais velho. Lembro-me de você quando tomei meu primeiro porre. Me buscando e falando que não acreditava. Lembro-me do seu olhar preocupado ao lado da porta quando sai do banheiro. Como também, de você me trazendo água e me dando comida. Um amor eterno no qual não importa o que nem quão longe. Um amor que um dia será marcado na pele. Marcelo saiba que te amo e que sempre estarei por perto. A fim de te incomodar, te fazer cuidar de mim, me buscar ou te fazer me ajudar na escola no final no ano. Não demora que já estou de volta. Saudade, até logo.      

Sua eterna irmãzinha.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Glem det ikke


Bibi, Gabriel, oldie, min smukke. Tantas maneiras de chamar uma pessoa só. Hoje tive um nó na garganta ao pensar que daqui a dois meses poderei chamar qualquer um desses nomes e gritar o mais alto que puder que você não irá escutar, não estará por perto. Caminhei me falando para tirar essas palavras e frases da cabeça que agora me fazem mal. Não as escrevi então esqueci metade do que escreveria agora. Foi bom que tirei da mente, porque certamente me faria ter lágrimas escorrendo no rosto. Essa semana, com você longe, me mostrará como é estar aqui sem você, um teste antes de você realmente se for. Quem vai me obrigar esperar o próximo ônibus? Quem vai sentar comigo no parque próximo verão? Quem vai me fazer perder a janta em casa pra comer uma pizza na estação? Quem me dará um abraço confortável e me suportar nas piores crises? Mais que um oldie eu te tenho como meu porto seguro. Sei que se estiver perdida e sem saber o que fazer e te ligar pedindo ajuda, você irá me acalmar. Você me traz segurança e temo perder isso. Não quero que se vá. Quero que fique aqui deitado na grama ao meu lado, me provocando e logo me fazendo sorrir.  Promete que quando voltar não me deixará só, promete que me encontrará quando eu voltar também. Só promete não esquecer.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Antibióticos


Dedos fracos percorrem os botões do teclado. Segunda-feira, na sala quase vazia, eu não sinto força em meus braços. Final de semana foi ótimo apesar de ter criado novas perguntas em minha mente. Me diverti. Com outros sorri e troquei olhares. A música entrava em meus ouvidos e andava no meio de pessoas totalmente desconhecidas. Estralo o pescoço e me sinto um tanto mais incomodada. A dor de garganta ainda me machuca, causada pela diferença de temperatura entre ambientes da festa. Minha voz quase não sai e quando tusso dói mais do que poderia imaginar. Minha cabeça também começa a incomodar e meus olhos começam a fechar. Quero fecha-los de vez e apoiar a cabeça na mesa. Respirar fundo e cochilar tranquilamente.

Em casa mesmo com a garganta doendo pego um antigo amigo no colo. Entre notas e acordes saem palavras falhadas pela dor que me atordoa. Não largo, não desisto. Com os dedos já doendo e a garganta implorando um tempo, aumento o volume tentando assim ocupar todo espaço em minha mente. Todo espaço ocupado por palavras não ditas e o espaço que palavras ditas sem pensar deixaram.

Terça, eu acordo com a madrugada gelada do outro lado da janela, às três da manhã. Contorço-me de dor insuportável que me tirava o sono. O desespero me subia à cabeça e fazia correr lágrimas infinitas. Revirava-me, agarrava o urso e chorava. Minha mente e meu corpo estavam cansados, mas a dor me impedia de dormir. Finalmente peguei no sono e acordei às seis da manhã com barulhos. Levantei e coloquei em palavras a dor que me atordoava. Encaminhada ao médico, exames, agulha. Remédios finalmente me tiram a dor. Antibióticos tirarão definitivamente o que me faz mal e me traz essas dores múltiplas vezes. Pena que pra outras dores que existem e sempre reaparecem não se têm remédios. Antibióticos que as tirariam de vez de dentro mim.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

De frente ao espelho, é fácil falar até logo.


Eu sou forte. Não sinto nada. Não sinto angústia, agonia, raiva. Estou sempre feliz com um sorriso no rosto. Não sinto que meus pais não ligam pro que eu sinto, pro que passa dentro de mim, nem sabem, nem os interessa. O que importa é ter as coisas prontas. Pins, presentes, malas. Só isso importa. O que eu sinto, ou melhor; não sinto, nem importa. Não quero nada, não gosto de passar tempo juntos, não acho nada divertido, nunca. A raiva nem sobe, nem me atordoa, nem me faz gritar por horas. Estou ótima. Não sinto nada. Estou feliz, não tenho medo, não tenho nada. Meu rosto não fica avermelhado, não fica inchado. Chega mais perto e fica cada vez mais fácil, menos cobranças, menos ‘acorda, não tem mais nada pra fazer?’, menos, menos... Sou forte e vai passar. Logo direi, até logo.
28/07/2012 
Achado em meio a outros incontáveis rascunhos
um texto angustiado de tempos atrás.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Liberta


No meio de uma semana que só deveria ter sorrisos chega essa noticia. Um sequestro de dois garotos seguido de morte. Acompanhei a angustia ao lado de um amigo das vítimas. Talvez pra mim seja fácil falar, ou escrever, mas sinto que preciso.

Um contato com uma casa espírita a uns meses atrás me fez acreditar que tudo tem seu 'porque' para acontecer. Estamos nesse mundo, agora, porque na vida passada não aprendemos tudo que nos foi proposto. Podemos voltar várias vezes e reencarnar em corpos temporariamente emprestados a nós. 

Apesar da revolta que habita o coração de quem conhecia os meninos ou simplesmente soube da história, não há o que fazer. Nada os trará de volta. O que resta é limpar sua alma rezando e aceitando que por algum motivo predefinido tinha que ser dessa maneira. A saudade baterá e lágrimas escorrerão, é impossível não sentir. Ajude com toda tua fé que resta a libertar os espíritos desses meninos. Revolta, pensamentos ruins, rancores, farão com que eles fiquem presos a terra e somente impedirá de seguirem seu caminho diante desse infinito mundo dos céus. 

Nunca perdi ninguém. Digo, nunca senti consequências da morte de alguém próximo. Mas agora me sinto segura. Antigamente tinha medo dessa perda, agora não tenho mais. Sinto que se forem embora irão por um motivo e porque realmente terão que ir. Aprendi a ter calma e respirar. Uma hora descobrirei o motivo de tudo. O motivo de cada passo. Os motivos da vida.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Hoje


Hoje faz um mês que fechei os olhos e me joguei. Joguei-me nesse mundo maravilhoso de descobertas incríveis. Percebo que o que todos falam é realmente real, passa rápido, num piscar de olhos. Lembro como se fosse ontem, eu me despedindo e vendo lagrimas escorrerem nos olhos de quem amo. Coração partido doeu, mas se curou rápido com tudo que conheci. Não sabia o que esperar e vim sem saber o que me esperava. Escrevo durante a aula, mal entendo, praticamente nada. Os meses vão passar e começarei a entender. Espero que não passe tão rápido como passou esse. Não quero pensar em futuros ‘até logo’. Vivo hoje e agora porque sei que cada segundo realmente importa.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Fugitivo sorriso


O calor do dia praiano nórdico esquentava tudo que existia. Os raios de sol atingiam minha pele branca demais me fazendo corar. Na praia com alguns quilômetros de extensão não se via água além de poças. Em casa, com o olhar cansando, tomo banho frio que ressalta ainda mais a cor quente na pele. Com uma xicara de café em cima da mesa do jardim, escrevo. Um pequeno lampião faz barulho enquanto libera o gás que dessa maneira ilumina o que há por perto. Seleciono fotos de pessoas e lugares que vi hoje. Velhos lugares que guardam histórias únicas. Igrejas, casas, antigas prisões. Esfrego o olho que cansado arde. Apoio a caneta sobre o caderno e olho para as estrelas do céu. Um sorriso escapa e dou risada de mim mesma, deixando assim, transparecer a alegria que sinto de viver o que vivo.

sábado, 18 de agosto de 2012

Consequências


Muitas coisas aconteceram, mas não escrevo sobre elas. Tenho medo, só digo isso. As indesejadas lágrimas de sempre caíram à espera de um telefonema. A esperança de melhorar se foi ou escondeu-se fundo. Boca seca ao contrario dos olhos. Toda eletricidade do quarto foi desligada. O computador sem energia nenhuma em esperança que uma parte da agonia passasse. Voltei a escrever como antes, com raiva. Não raiva de mim, talvez raiva dele, certa a raiva do tempo. A tinta da caneta escorrega rápido no papel. Tento escrever à medida que certos pensamentos aparecem. Não paro para que outros mais complicados não apareçam. Não quero descobrir partes piores que essa. Quase sem mais lagrimas tomo um gole d’agua e respiro fundo. Largo a caneta e encosto a cabeça no travesseiro à espera de algo que não chegou. Em seu lugar, com novos pensamentos, mais lagrimas apareceram.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Achados


Sentada ao lado da rua vejo pessoas passarem com feições únicas, sentimentos e emoções escondidas. Através de suas expressões tento decifrar o que sentem. Me faz bem ver rostos novos, desconhecidos. O barulho da água do chafariz aqui ao lado se junta com o que os carros fazem. Há um homem sentado num banco tocando flauta e fazendo com que expressões indefinidas se tornassem sorrisos. Minha mente flutua por lugares que nem sabia que existia dentro de mim. Descobri que sou forte, descobri um mundo paralelo. Pessoas, lugares, gestos e barulhos. O pôr do sol às dez da noite. Tudo me faz refletir. Penso em família, amigos, grandes amigos. Me sinto bem, estou bem. Descubro pessoas que vieram da onde vim. Descubro ele, você. Descubro a mim. Me descubro.

Percebe-se que a tempo não escrevo. Eu percebo, sinto. Há exatos nove dias estou longe de tudo que conhecia. Não achava tempo para parar e colocar meus sentimentos, muitos deles angustiantes, em palavras. Eles passaram e não escrevi, assim prefiro. Só eu sei o que realmente senti e o que escorreu em lágrimas. Os ventos que por aqui passam são muitos, os mesmos que levaram a angustia embora, me trouxeram novos sentimentos. Trouxeram-me vocês. [...] 

domingo, 22 de julho de 2012

Areia fria


O sol acabava de nascer e eu sentada com o pé na areia desabafando angustias. Parecia que eu falava com o nada, mas havia algo. À medida que minhas palavras saiam tudo ao meu redor parecia absorver essas frases que me incomodavam. Me sentia cada vez mais limpa e leve. O vento batia em meu rosto e trazia frescor. Praia no inverno, deserta, sem ninguém. Ninguém me incomodava. Nessas longas horas quietas só existia o mar e eu. Meus pensamentos sobre tudo que existia flutuavam e tomavam conta da minha mente que um dia havia estado confusa. Descanço num verdadeiro paraíso, único e natural.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Bu


Com o cachecol enrolado em meu pescoço tentava me proteger do vento atordoante que gelava o corpo. Com o capuz do colete me protegia do sereno que o inicio da madrugada criava. O cruzeiro do sul brilhava no céu até que foi encoberto por nuvens. Uma casa em meio a um jardim. As folhagens tomavam conta to telhado e quase fechavam a entrada. Ainda havia espaço para que pudéssemos olhar o que havia dentro. Cheguei perto e ele a lanterna ligou. Não havia muita coisa lá dentro, tentava decifrar entre coisas reais e sombras. Foi então quando algo me assustou, alguém. Ele fez com que meu coração disparasse e eu gritasse. Caí numa onda de gargalhada porque sabia que certamente havia sido engraçado. Sustos me agradam. Quando acontecem você se sente, mesmo que por milésimos de segundos, ameaçada e procura uma saída, um lugar seguro. Eu sabia, ou melhor, sei o lugar onde queria estar.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Distanciando


Então você se sente longe. Longe de muita gente que realmente importava na vida. Alguns fazem falta e outros confesso que não. Talvez seja uma defesa adquirida por mim para que na real hora não doa tanto. Pelo menos algumas das pessoas que realmente fariam muita falta ainda estão próximas a mim. Alguns abalos, porém a firmeza de uma amizade permanece. Amigos recentes que se firmam como se fossem antigos e amigos antigos voltam trazendo novos. Por segundos me pego lastimando mudanças, logo passa e agradeço por terem acontecido. Tudo me dá motivos a aprender, perceber e mudar.  Vou pra longe disso, mas pretendo voltar. Não pra essa confusão que agora existe, mas sim pro antigo abrigo onde tem quem quer bem. Tem quem se importa.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Fala

Onze da noite, não penso nisso, ainda tenho esperança na vida real. Só me dou conta quando acordo de que não quero levantar, quero ficar na minha cama quente, voltar a dormir, voltar a sonhar. Antes de dormir imagino uma série de coisas que poderiam acontecer. Durmo pensando que talvez dessa vez vá sonhar com o que quero. Quando acordo não lembro o que sonhei, mas me sinto bem. Apesar disso não quero enfrentar o mundo real. Desejo fechar os olhos e voltar a um sonho em que nada existe além de nós. Todas as preocupações e pessoas chatas ao meio disso desaparecem. Nossa relação torna-se uma coisa boa, não essa obrigação, papo sério e problemas que teimamos em criar onde nada existe. Como crianças paramos de nos falar por algum tempo. Fico chateada por não saber o motivo certo. Chateada com o que nos tornamos sendo que poderíamos ter uma amizade melhor que essa. Atitudes sem pensar, cabeça quente revela muita coisa. Aprendo a parar e respirar. Escrever e me acalmar. Tentar entender, só tentar, e esperar que ele se acalme e resolva falar.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Quatro


Olhei aqueles olhos que se aproximavam dos meus. Sua mão na minha cintura me puxava em direção a ele. Eu me sentia envergonhada, não deveria porque me sinto confortável e segura com ele. Quando eu estava perto suficiente sua mão deslocou-se ao meu pescoço e arrumou meu cabelo loiro que teimava em cair em meu rosto. Ele estava confiante e calmo, sabia o que fazia. Essa experiência dele me deixava bem. Estava em boas mãos. Fechei meus olhos e deixei-o me guiar. Tudo pareceu ensaiado, com movimentos e sons milimetricamente sincronizados. Todas as minhas preocupações sumiram e não pensava em nada. Dentro de mim costumava existir um mar com ondas rigorosas e quando ele aparecia surfava nelas como se não houvesse nada.
Mágica interrompida e olhares cruzados. Devo ter corado por imaginar que por algum motivo pudesse ler minha mente. Com cara de boba, ri e me apoiei em seu peito. Em busca de conforto passou seus braços e me firmou contra seu corpo que na noite fria me esquentava. Senti seus batimentos um tanto quanto rápidos, entretanto ele não parecia se incomodar. Beijou minha testa chamando minha atenção. Então, procurei seu olhar novamente. Quando encontrei tudo parou, me entreguei novamente. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Amanhã, talvez

Um sonho que todos acreditam que é fácil. Momentos que antecipam a viagem não são assim fáceis de lidar. A ansiedade vem e vai todo dia. Choros e lapsos de soluços sempre acontecem. Não quero passar meus dias assim. Estou sempre buscando coisas e pessoas que me façam feliz. O que me faz mal é ter que controlar sentimentos. Confusa, parar e pensar que não posso sentir isso agora. Alguns sentimentos recentes que um dia talvez descubra o porquê de terem acontecido justo agora.  É difícil pensar que em trinta e seis dias vou embora. É complicado porque penso demais no que vai acontecer amanhã ou semana que vem. Quero muita coisa antes de ir. Tenho tempo, mesmo que passe rápido. Certas coisas não quero deixar para depois. Não sei como será amanhã, se ainda serei a mesma ou se simplesmente ainda serei. Coisas acontecem a todo o momento e não sei o que acontecerá até lá. Corro risco de tudo. Eu não sei, você não sabe. Ninguém sabe se existirá o amanhã. 

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A(calma)-me

Ele pergunta o que me aflige, respondo que hoje tudo me aflige. Acordei bem, mas o desenrolar da manhã me provocou angustia somada com nervosismo ‘pré-prova’. Não estava bem. Procurei conforto após o almoço, mas não encontrei. Tudo piorou e me vi perdida em vozes da minha cabeça. Eu não sabia o que falavam, mas sabia que estavam lá provocando caos continuo. Ao caminhar cada passo que eu dava era menos tempo pra mim. Menos tempo para que eu pudesse me acalmar e organizar minha mente. Ao atravessar a última rua quase desabei. Tive que conter meus olhos cheios de lagrima que insistiam em se formar . Era tarde porém procurei o abrigo que deveria ter procurado anteriormente. – Mãe, não estou bem. – Esperando resposta respirei fundo algumas vezes. O celular tocou e ao atender tudo que havia acumulado escorreu pelo meu rosto de uma vez só. Encontrei calma lentamente. Eu sabia que tinha uma prova a fazer e por mais que quisesse não podia escapar. Entrei na sala e em silencio sentei. Durante trinta minutos fiz tudo. Lia as frases e perguntas, mas sabia que minha mente não estava completamente lá. O sinal bateu e me trouxe alívio. Me sentia sufocada naquela sala. Saí rapidamente, respirei ar puro e fui buscar o abrigo que um dia quis e achava ter, possivelmente, encontrado.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Disparar e acalmar do coração


Meu coração me deu uma trégua. Descansa de todos os sentimentos que tenho e que se acalmaram. Meu coração volta a bater normalmente sem uma aceleração espontânea. Fiquei brava, sorte que voce não respondeu mais nada. Teria pedido um tempo para respirar e me acalmar para que não falasse besteira. Fiquei brava pela maneira que mudou. Talvez seja porque tudo aconteceu ontem e ainda não nos acostumamos. Também fiquei envergonhada quando te vi, entretanto tratei a vergonha de um jeito distinto, rindo da minha própria situação de uma maneira que com certeza me levou a corar. Espero que não fique como foi hoje. Depois de confissões e de abrir o coração falando de tais sentimentos daquela maneira, olho no olho, não deveria ser assim. Ontem não foi assim. Me decepcionei com a reação, talvez seja só agora, espero que passe. Paro e sorrio por ter me contado seu lado. Deito a cabeça no travesseiro tranquila e me enrolo no cobertor sorrindo sabendo que nada acontece por acaso.

sábado, 9 de junho de 2012

(Re)Conhecer

A melancolia que essa praia me traz me afeta bruscamente. Essa gripe me incomoda e esse vento frio que faz meu cabelo voar piora minha dor de garganta. Me sinto pra baixo sem vontade de nada. Vou para cama e acordo sonhando com um mundo que criei. Me sinto mal por não conseguir o que quero. Me sobrecarrego de desejos que ficam à flor da pele e que criei com esperanças de conquistar. Meu coração dispara quando escuto as vozes na sala falando sobre a morte dos meus avós. Pais do meu pai que faleceram logo quando eu ainda era criança. Não me recordo deles. Nada, nenhuma lembrança. Uma lagrima solitária escorre no meu rosto. Escorre de saudade de algo que nem lembro. Desejo que tivesse alguma memória de um tempo que sei que foi lindo. Esse assunto muito me afeta e lagrimas pingam toda vez.  Uma esperança ainda vive aqui dentro de saber o que vivi. Conhecer o que conheci e não lembro. Reconhecer uma parte de mim.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Como crianças


Se eu estiver com medo, com vergonha, com os olhos cheios de lágrima me abrace. Se estiver sendo incomodada por outro não arranje briga, passe seu braço ao meu redor e simplesmente mostre que já sou sua. Me ligue, não mande só mensagem, gosto de escutar sua voz.  Me chame pra um programa surpresa, nem que seja só pra deitar no sofá da sua casa e não fazer nada. Não me importo com o que e sim com quem. Se eu falar que nunca fiz ou que não sei fazer só fale que me ensinas. Me leve pro mar e me ensine a flutuar. Se estiver tensa e não quiser falar não insista, só fale que está comigo e que tudo ficará bem. Me faça massagem, eu amo. Beije minha testa e me aperte forte que me sentirei segura. Abra a porta e deixe-me entrar primeiro. Se eu cair estenda a mão e me ajude a levantar. Não me encare por muito tempo porque morro de vergonha e posso corar. Me beije sem querer, me surpreenda. Me leve pra jantar, quem sabe cachorro quente. Me queira, sou toda desejo. Me deixe ir e me espere voltar. Mas não desapareça, jamais.


Desabafo doente


Passo frio, muito frio, deitada sozinha envolvida em meio a esse edredom que não existe igual. Tenho tosse continua que cada vez dói mais. Falar com ele me fez bem. Apesar do desejo de tê-lo aqui me atrapalhar. Desconfortável nessa cama escrevo pra mim, com medo que se ver esses textos mude algo. Me abro neles e tenho medo desse ato. Queria que viesse aqui e fazendo cafuné e me dissesse que tudo ia ficar bem. As palavras da conversa se tornam distantes seguidas por um silêncio. Ele sai e em meio a um suspiro sussurro para mim mesma - tchau, fique bem, se cuida e lembre-se de mim. Antes que pudesse concluir a frase, tusso novamente, meu coração aperta e uma lagrima escorre. 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Não te querer


No inicio realmente confesso que queria que voce voltasse atrás, batesse aqui na porta da minha casa, sem que te passasse meu endereço, sem avisar. No começo queria que tudo voltasse às mil maravilhas e que você percebesse a burrada que fez. Na real nunca foi mil maravilhas, foram ilusões. Foi burrice minha te esperar tanto tempo. Imaturidade, culpa da inocência que existia em mim. Porque tudo que não aconteceu, não aconteceu por simples culpa sua. Que com medo, não deu abertura pro que estava sentindo, porque sempre estive aqui e sempre deixei claro o que eu queria. Era difícil tentar te entender, ridiculamente impossível. Dezenove anos na época e eu que fui a burra da história que não notei. Devia ser gay pra só falar que queria me ver porém pra vir, imagina, nada, nunca. Sei o quão inocente fui. Se isso acontecesse agora, com a pessoa que me tornei, não duraria uma semana, o que durou 3 meses. Rio da minha própria cara porque agora não entendo como pude aguentar tanto tempo. Passou e agora não vem ao caso. Segui em frente como você fez, antes com um pé atrás, agora sem nenhum e confiante. Ter passado por cima e relevado tudo que aconteceu. Me sinto bem, tranquila, feliz, principalmente aliviada por não te querer mais.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Coração perfeito


Penso se algum dia terei pleno controle de mim mesma e controle dos meus sentimentos. Se algum dia conseguirei ficar só com o ‘que sejam felizes’ e esse ódio todo fosse embora. Queria ter pleno controle do que eu sinto. Começar a gostar de alguém só quando tivesse certeza de que não me machucaria. Que não seria mais uma roubada entre tantas outras. Queria retirar e colocar sentimentos facilmente e rapidamente. Se o amor que eu sentir me machucar eu tiro a dor e junto com a dor já tiro o amor.  Tiraria a tristeza e colocaria mais alegria. Tiraria o quanto me importo com quem não merece. Cansei de gostar e não gostarem. De me importar e não se importarem. De querer e não quererem. Cansei de ter sentimentos indesejados. Quero poder escolher. Será que um dia terei esse total controle do que sinto? Se esse tão esperado dia chegar terei o que mais desejo. Um coração que só ama quando quer e não sofre.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Maresia


Uma barraca em meio a toda aquela areia da praia. Lá, duas almas em corpos emprestados enquanto um vento terral esfriava a primeira noite. Eu estava deitada no lado de fora olhando no céu aquela lua em meio às estrelas que mesmo a quilômetros de distancia uma da outra não eram solitárias. Eu o vi se juntando a mim e deitando ao meu lado na toalha. Ficamos horas e horas simplesmente no silêncio até que pegamos no sono e fomos levados por nossos sonhos.
Uma claridade me incomodava. Abri os olhos e vi que o dia estava amanhecendo. Olhei para o lado e notei que os olhos verdes que me encararam noite passada ainda estavam fechados. Sorri e fechei meus olhos como se quisesse que o tempo parasse e ficasse eternamente ali. Com o barulho das ondas quebrando e das gaivotas que planavam no ar acima de nós.  Enquanto fantasiava que aquilo duraria para sempre ele acordou e abriu os olhos lentamente. Beijou a minha testa com um cuidado imenso para que não acordasse. Só me fez abrir os olhos novamente sussurrando bom dia ao pé do ouvido.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Tempo ao tempo


Hoje percebi que é mais fácil criar uma história do que falar de mim. Antes era relativamente fácil porque sentia muita coisa e precisava de sossego. Agora tenho pequenos sentimentos que não entendo. Odeio como me apego e gosto de algumas pessoas tão facilmente. Talvez seja carência que faz com que um pouco de atenção e uma nova amizade sejam tão importantes. Odeio o efeito que isso causa em mim sempre querendo e precisando de tudo agora. Essa pressa toda me faz mal e me faz pular etapas importantes e maravilhosas, como uma amizade, uma conquista. Talvez tudo isso esteja ligado com o fato de querer tudo o mais rápido possível para que seja bem aproveitado até agosto. Quando irei longe daqui, de todos que ficarão e longe desses sentimentos. Me acalmarei porque essa pressa me coroe e faz com que eu viva no mundo da lua. 

sábado, 28 de abril de 2012

Dois


Ele abriu e eu entrei pela porta. Nenhuma palavra foi dita. Logo que a porta se fechou nossos olhares se cruzaram. Ele simplesmente se aproximou. Eu podia sentir sua respiração calma, nada comparada com a minha, acelerada demais. Nossos lábios se encostaram e parecia eletrizar meu corpo inteiro. Suas mãos percorreram a extensão de minhas costas e de repente se moveram para meu rosto, meu pescoço. Foi o ápice, ponto fraco. Então, vi minhas mãos descendo até sua cintura e involuntariamente puxando sua camiseta. Ele, sem hesitar, me ajudou e a tirou em um movimento só. Como uma música, sem pausa, começou a desabotoar minha camisa. Botão por botão ela foi sendo aberta e cuidadosamente retirada. Finalmente ao me aproximar dele senti o calor daquela pele morena que fazia contraste com a minha branca, pálida. Aquele calor esquentava meu corpo inteiro, das minhas mãos até a ponta dos meus pés. (...)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Parte Um


Ele aqui ao meu lado, na cama. A ponta dos dedos deslizando sobre minhas costas nuas. Imaginei tudo que poderia ter acontecido antes desse nascer do sol. Pássaros cantavam ao fundo dessa nossa dança de olhares que preenchia o vazio que existia entre os beijos dados. Minha cabeça doía, talvez resquícios da bebida que me deixara levemente tonta na noite anterior. Flashes me ajudavam a lembrar sensações que senti e prazeres desconhecidos até então. Toda atenção e carinho que recebi me faziam querer voltar no tempo e viver tudo novamente. Sem qualquer mudança, exatamente igual. Me sentia boba e ria por qualquer coisa. Sentei na cama e vesti a camisa jogada de lado. Aquele cheiro, aquele perfume que me fazia inspirar profundamente para que cada vez mais entrasse em minhas veias. (...)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Maldita Bipolaridade


Com minhas mãos trêmulas faço o que não deveria. Escrever. Me recusei no começo entretanto cedi. As lagrimas voltaram a encher os olhos, a escorrer  pelo rosto e a encharcar o papel. Espero que tenham sido as últimas que deixei escorrer. Posso ter me machucado me feito sofrer novamente porém precisava. Não conseguiria seguir a diante com tudo na cabeça.
Nesses últimos meses cresci, as vezes não me entendo mais. Procuro explicações demais. Uma maldita bipolaridade me faz mal. Sentimentalista demais de repente racionalista demais. Não existe meio termo? Sim existe, mas então porque não consigo? Cansei, mesmo, me sinto insuportável. Meu choro constante é insuportável. Não aguento mais.
Bem com essas palavras encerro me repetindo. Porra, levanta a cabeça mano!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Sem a minha mente em você


Um coração, uma mente e um corpo que não estavam acostumados com tudo aquilo. Três quilos a menos nas três primeiras semanas foi só o começo. Os flashbacks pareciam que iam ficar em mim eternamente. Uma confusão de pensamentos e principalmente de sentimentos os quais não conhecia. Com o tempo tudo passou e o que eu sentia acalmou. Mas nem por isso se foi. Tudo sempre voltava com uma frequência cada vez maior. Era uma falta de carinho e de amor que me fazia sentir falta do que senti. Somente com a cabeça cheia de coisas me distraia. Quando chegava a noite eu olhava pra lua que brilhava no céu e pensava em tudo de novo. Era difícil pegar no sono logo que deitava. Demorava um tempo pra minha mente se acalmar. Uma nova meta apareceu e me contagiou. Uma paz e uma tranquilidade agora acalmam meu corpo. Me sinto aliviada e extremamente feliz. Apesar de uma confusão juntando a falta de experiência e ao mesmo tempo muita maturidade e pé no chão, me orgulho do que sou e do que sinto hoje. Agora o sol se pôe e a lua aparece. Um corpo tranquilo na cama e um coração batendo normalmente, sem uma aceleração quase sempre indesejada. Sem a minha mente em você.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Menos Frágil

Indesejadas lagrimas aparecem constantemente. Raiva, nervosismo, sentimentos. Todos se unem e formam uma grande bola de neve que me derruba e me enterra cada vez mais. Não quero essas lagrimas aqui porque não quero mais chorar. Chega um momento que se cansa de enxugar os olhos e a barriga dói de tanto soluçar. Não quero sentir a raiva que eu sinto. Talvez raiva de mim, raiva de voce, provavelmente raiva de tudo. Uma dor me incomoda aqui no peito, sinto um vazio que demora a ser preenchido. Por segundos, lapsos, esqueço dele mas ele insiste e sempre volta. Principalmente quando essa raiva aparece e junto essa inconformação com a vida. Rapidamente ligo o foda-se e finjo não ligar pro que acontece. Mas não dura muito tempo. Não sou de pedra nem de ferro. Tenho um coração que sofre. Quem me dera ter um coração que não sofresse ou que fosse no mínimo menos frágil. Quem me dera eu fosse menos frágil.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Tortura do inconsciente


Eles estavam juntos novamente, em um lugar onde um dia ele havia prometido que a levaria. A grama era verde e o céu estava azul como nunca esteve. Algumas meras nuvens solitárias que vagavam sozinhas por aquela imensidão do céu não tampavam o brilho que vinha do sol. Eles estavam somente sobre uma toalha, dois corpos que se enlaçavam carinhosamente querendo ser um só. A única coisa que os acompanhavam era o violão, o resto, supérfluo, havia sido deixado no carro longe dali. Eles estavam com as duas coisas que mais importavam na vida deles. Um ao outro e a musica que corria calorosamente na veia de cada um deles. Ele acompanhava com uma melodia suave aquela voz neutra dela que em cada nota que era cantada expressava uma mistura de tudo que existia naquele coração. Os olhares se cruzavam e sorrisos eram lançados ao vento. O silêncio da natureza era quebrado com o barulho dos beijos dados. Depois do ultimo beijo abriu os olhos e a pior sensação do mundo tomou conta dela. Era só um sonho. A saudade fez com que seus olhos cobrissem de lagrimas e instantaneamente transbordassem. Os soluços que então surgiram no meio da respiração acelerada fazia com que cada vez mais seu corpo inteiro se enchesse de dor. Um ódio do tempo foi despertado. Ela odiava que ele tinha passado e levado tudo que um dia teria existido entre eles. Minutos e depois horas correram no relógio. Ela abraçada firmemente no travesseiro se acalmava. A respiração voltava a seu ritmo normal. Fechando os olhos e pegando no sono novamente ela mergulhava naquele universo de sonhos que teimava em torturar aquele coração já frágil demais.

quarta-feira, 14 de março de 2012


  • Ele: Deixa a imaginaçao fluir...
  • Ela: E se ela for muito longe?
  • Ele: Mas é pra isso que serve a imaginaçao, para ir longe! Perto de coisas que queremos...
  • Ela: Quer dizer que tudo que eu imagino eu quero?
  • Ele: Ela serve pra imaginar coisas que queremos e viajar em muitas outras. Mas eu fico pensando em coisas que eu quero, não em coisas que eu não quero. Você não?
  • Ela: Fico.
  • Ele: ....
  • Ela: Mas as vezes não gosto de imaginar.
  • Ele: Porque?
  • Ela: Porque muitas vezes imagino o que não pode acontecer ou que simplesmente, por algum motivo, não acontecem. Ficar imaginando as vezes não é bom.
  • Ele: Isso é ruim, mas não custa ficar imaginando. Vai que um dia acontece. Nunca pode se perder a esperança.
  • Ela: Imaginação cria expectativas. Aprendi a não criar mais.
  • Ele: Então tu nao tem mais sonhos.
  • Ela: Tenho sonhos. Muitos.
  • Ele: É quase a mesma coisa.
  • Ela: Não acho. Sonhos são bem mais que simples expectativas de coisas que possam acontecer. Esperanças ainda são resquícios de sonhos, de desejos. Coisas que voce pode querer mais não vai viver pra isso, como voce vive por um sonho.
  • Ele: Tu tem que lutar para que as coisas que tu sonha e imagina aconteçam. Não adianta só sonhar, tem que fazer acontecer.
  • Ela: Quem disse que não corro atras do que eu sonho? Do que eu quero? Simplesmente tem coisas que precisam esperar. Cada coisa tem seu momento e cada sonho tem sua prioridade.
  • Ele: Concordo. Tudo tem seu devido momento para ser perfeito...
  • Uma conversa com um amigo. Alguém especial.

sexta-feira, 9 de março de 2012

2AM


O fogo que queimava os gravetos secos dessa praia me esquentava. Aquilo me fazia bem, não esquentava só a minha pele, mas também meu interior. Sentia-me quente, acolhida por aquele clima de penumbra das duas da manhã. Um luau que fora do comum não tinha violão, não tinha musica, mas isso não me incomodava. Eu tinha uma melodia dentro de mim que tocava involuntariamente. Uma melodia já conhecida que me acalmava. Sentia que o vento virava, a fumaça cobria meus olhos e os faziam arder. Eu saía dessa rota de dor e agonia me aproximando do mar. O mesmo vento que me cegava anteriormente agora me trazia alivio. Um alívio que meus olhos precisavam, eu precisava. As mínimas vozes na praia ecoavam sutilmente em meio ao barulho das ondas que quebravam. Era incrível, único. Meus pés descalços na areia molhada até onde a água chegava. Me sentia bem, em casa. Tranquila com aquela melodia que me fazia voltar no tempo. Num tempo em que ainda sonhava acordada.
Estava guardado, sem final, até ontem.

terça-feira, 6 de março de 2012

Eu sinto


Sabe aquela vontade de cuidar de alguém? Daquele alguém especial? Quando aparece a frase – não estou bem – aquela vontade de estar junto, ao seu lado. Como é sentir que alguém melhora simplesmente com a sua presença? Simplesmente por deitar no seu colo e ser cuidado.
Você sente falta de cuidar de alguém? De ser especial? Falta de alguém se importar? Eu sinto. Sinto falta do bip do celular, do coração acelerado e do simples se cuida. O se cuida que pra mim mais importava,que abreviava um ‘se cuida para que quando eu voltar eu mesmo possa cuidar de você’.
Sinto falta do sol nascendo com o sorriso já acordando em meu rosto. Eu dormia para que a noite passasse mais rápido. Para que o outro dia chegasse logo. Agora, durmo para sonhar e para viver o que sonho acordada. Deito a cabeça no travesseiro e imaginando o dia seguinte tenho esperanças que ele seja melhor do que o que passou. Esperanças de que algo novo surja ou de que alguma coisa simplesmente mude. As coisas não são como eram, eu não sou como era. Sinto falta das antigas sensações, dos antigos sentimentos, das antigas coisas. Só não sinto falta da minha antiga eu.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Recomeço

Uma trama de frases que ao serem agrupadas e certamente encaixadas formam um texto. Um tecido feito de pensamentos e verbos. Dependendo de tal significado ele conforta-nos e nos aquece como lã. Em mim o ato de escrever causa liberdade. Liberdade de expressar coisas que passam aqui dentro. Consigo colocar em parágrafos toda a minha confusão, toda a minha angústia. Acredito que cada um tenha seu motivo para escrever. O meu foi porque precisava desabafar. Precisava de uma maneira para me abrir e de um lugar que pudesse me sentir segura. A folha do caderno foi minha melhor saída. Uma folha que jamais voltará a ser branca como antes. A escrita me fez bem. Agora me resta buscar inspiração em outros lugares, porque o que tinha se foi. Procurarei um novo rumo para os textos. Um a nova inspiração, um novo porque. 

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Sem oi, sem tchau

Por mim viajaria amanha. Sinto necessidade de um tempo que até ontem não sentia. Queria aproveitar o máximo até pisar no avião. Até ontem restava alguma esperança de ainda te ver, me despedir. Isso tudo acabou sem mesmo ter começado direito. Tudo bem a distancia é uma bosta – desculpa o termo – mas sentia que ainda poderia te ver, te sentir, sentir teu abraço pelo menos uma ultima vez. Beijo, não me importaria se não ganhasse, posso até querer mas sei que agora você não quer mais. O jeito que isso terminou, sem mesmo ter olhado pra você mais uma vez… eu sinto que… na verdade, não sinto nada, ou sinto tudo. Agora quem esta confusa sou eu. Não me entendo mais. Não consigo ficar sem olhar se você esta aqui, online. Sem ao menos cogitar um oi. Não dou mais porque você quis assim, pode demorar mais vou aceitar. Aqui, tudo será mais difícil porque tudo me lembra você. Se eu pudesse no mínimo desaparecer. Agora. De repente.
Escrito ontem, antes dos sonhos me levarem. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A raiva me engole novamente. Porque ainda me importo? Não sei, talvez burrice minha. Todo aquele discurso de que nunca poderia parar de falar com você. Você queria que eu prometesse, simplesmente falei que não tinha motivo. Mas e agora? Não é questão de mais ninguém. Só nossa. Ninguém além de você me fez tomar essa decisão. Pra mim chega. Não quero mais correr atrás de algo que se depender só de você não acontece. Nossas conversas, porque agora tudo depende do MEU oi? Se não chamar, ninguém fala. Cansei. Não estou quebrando promessas, não costumo fazer isso, só estou recebendo o seu recado. Parece não temos nada pra falar, você não tem. Com lagrimas nos olhos termino dizendo o que nunca quis. Dizendo, eu desisto de nós.
Pena que podem achar que é só mais um texto. 
Que um ‘reticências’ pode acalmar tudo. 
Mais não, não pode. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Para: ele

Sinto que não posso escrever tudo como escrevia. Isso passou a ser muito difícil. Não sei porque, não me sinto bem. Na verdade talvez saiba. Sinto vergonha de colocar em palavras TUDO que se passa por aqui, na minha mente, porque sei que vai ler. Meus textos retratam o que eu sinto, o que eu já senti. É estranho me abrir e colocar em palavras tudo que desejo. Sabendo que você ainda está indeciso, confuso. Sabendo que pode não querer o que eu quero, mesmo que seja uma mínima parte de você, a mesma parte que te faz inseguro. Eu organizo o que eu penso e o que eu sinto em parágrafos, assim consigo me entender. Tente o mesmo, num papel qualquer escreva tudo que vem à sua mente, mesmo que depois você rasgue em pedacinhos e jogue no lixo. Isso irá te ajudar. Talvez assim entenda o porquê de decisões possivelmente erradas que na hora pareciam certas. Que estavam cegadas pelo medo que existe dentro de você. As palavras virão em sua mente e flutuarão direto para o papel. Não pense em nada, não pense em como vai ficar. Não tenha receio de colocar tudo pra fora. Me fez bem, também te fará. 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Final daquilo que mal começou

Hoje a lembrança daquele beijo voltou. Porém dessa vez não voltou pra me atordoar. Voltou para me mostrar o quanto eu cresci e aprendi com tudo que aconteceu. Agora não sei como tudo isso vai acabar, talvez amanhã eu saiba. Sinceramente se acabarmos assim ficarei feliz. Mesmo não querendo ter esperado tanto tempo para que acabasse assim, ficarei feliz. Tudo clareou em minha mente, tudo que vivi me fez crescer. Estou aliviada. Me descobri e conheci uma parte de mim que não conhecia. Descobri um dom, a escrita. Entendo que você fez escolhas, certas ou erradas não cabe a mim julgar, você teve teus motivos, os quais posso nunca entender. Te culpo por tudo e sinto agora que só tenho que dizer obrigada. Tudo que passei esses três meses agora me faz bem, tive que acordar para um mundo que não conhecia. No despertar doeu, machucou muito, mas isso me fez crescer. Nunca imaginei que podia estar tão bem, tão segura de mim, mesmo sem você. Estou certa do que eu quero e do que eu sou. Me superei, superei as expectativas que tinha sobre mim mesma. Você de algum jeito me ajudou a descobrir isso tudo que eu já tinha aqui dentro, guardado. Hoje posso sentir que não virei outra pessoa, continuo a mesma, porém melhor. Mais forte, bem mais segura.